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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Joaquim José da Silva Xavier

por MÁRCIO JARDIM, Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.


Resumo: O autor traça um retrato de Tiradentes, tanto físico, limitando-se às poucas informações existentes, quanto moral, ressaltando o importante papel que desempenhou na Inconfidência Mineira. Aponta as diversas atividades que exerceu, ressaltando sua inteligência técnica polimorfa e seus trabalhos enquanto militar.




Joaquim José da Silva Xavier nasceu na Fazenda do Pombal, propriedade de seu pai situada na circunscrição territorial da Vila de São João Del-Rei, em 1746, provavelmente. 

Não há registro de seu nascimento, apenas do batismo, ocorrido em 1746. Em seu primeiro interrogatório no processo (22.05.1789), Tiradentes declarou ter 41 anos de idade. O engano parece ter sido de um ano no cálculo da própria idade; naquela altura de 1789, o Alferes muito provavelmente teria 42 anos. Batizado em novembro de 1746, deve ter nascido pouco antes, naquele mesmo segundo semestre. Em maio de 1789, portanto, ainda não teria completado 43 anos.

Seu pai pertencia à elite branca civil e servira como Almotacé (fiscalizador de pesos, medidas e preços e distribuição de alimentos) na Câmara da Vila de São José del-Rei; antes servira como Procurador dos Reais Quintos no Arraial do Bichinho, distrito da mesma Vila.

Nos processos de habilitação de dois irmãos de Tiradentes ao sacerdócio, foi declarado que pertenciam à raça branca, "cristãos-velhos", sem qualquer mistura de negros, mulatos, judeus ou árabes, condição indispensável para serem ordenados padres. Tiradentes pertencia, portanto, à nobreza civil (que diferia da titulada) e a que se chegava pelo sangue e pelo exercício de determinadas funções públicas de confiança do Estado. Além disso, seu posto de Alferes era privativo dessa nobreza civil. A palavra "Alferes", do árabe, significa "o Cavaleiro".

O pai de Tiradentes era natural do Reino, e a mãe, do Brasil. Por via materna, era neto de Domingos Xavier Fernandes (reinol) e Maria de Oliveira Colasso, paulista. De Domingos da Silva Santos e Antônia da Encarnação Xavier nasceram sete filhos: 
1) Domingos da Silva Xavier -n.1738; ordenado padre no Rio de Janeiro em 1765; nomeado vigário de Caeté, Peçanha, Guanhães, Suassuí, Correntes e Santo Antônio em 1772; vigário de Pitangui em 1775; 
2) Maria Victória de Jesus Xavier - n. 1742; 
3) Antônio da Silva e Santos - n. 1745; ordenado padre, foi nomeado Capelão do distrito de Ressaca, da Vila de Prados, em 1789; viveu numa freguesia de Barbacena até 1805, quando faleceu; 
4) Joaquim José da Silva Xavier - n. 1746; 
5) José da Silva dos Santos - n. 1748; foi Capitão de Auxiliares; 
6) Catharina (ou Eufrásia) da Encarnação Xavier - n. 1751; 
7) Antônia Rita de Jesus Xavier - n. 1754. 

Tiradentes tinha, ainda, uma meia-irmã, chamada Clara, filha de seu pai quando ainda solteiro. Sua mãe faleceu em 1755 (2 de dezembro), e seu pai dois anos depois (12.12.1757). Portanto, Tiradentes ficou órfão de mãe aos 9 anos, e de pai aos 11 anos. Nessa idade sua situação familiar mostrava: um irmão (Domingos), com 19 anos, seminarista em Mariana; uma meia-irmã (Clara), com idade superior a 20 anos, provavelmente vivendo próximo à família; três irmãs ainda crianças (Maria Victória, 15 anos; Catharina, 6 anos, e Antônia, 3 anos); mais dois irmãos (Antônio, 12 anos; José, 9 anos). A família, então, se dispersa, aos cuidados de parentes próximos. Tiradentes ficou aos cuidados do seu tio e padrinho, Sebastião Ferreira Leitão, cirurgião-dentista registrado e que possuía lavras de mineração.

Pelo inventário da mãe, aberto em 1756, sabe-se que a família não era pobre, como já se disse muitas vezes. A fazenda do Pombal era grande, nela trabalhavam 35 escravos, inclusive em mineração. A casa tinha dois pavimentos; o alpendre dava entrada, por fora, a um oratório particular. Havia senzalas e cozinhas coletivas. A família possuía numeroso e valioso instrumental de ferro para minerar, relacionado, por sua importância, no inventário.

Além dos dois irmãos, Domingos e Antônio, Tiradentes tinha vários primos padres: Frei José Mariano da Conceição Velloso (filho de sua tia Rita Xavier, irmã de sua mãe), Padre Antônio Rodrigues Dantas; outra tia, Catarina, teve mais dois filhos padres. Do Padre Antônio Dantas, pouco se sabe, a não ser que foi brilhante latinista, autor de uma obra, Sintaxe Latina, que teve grande repercussão. 

Já o Frei José Mariano da Conceição Velloso teve importância maior e, certamente, influenciou a vida do Alferes, que era pouco mais novo que ele. Frei Velloso nascera em São José del-Rei em 1741 (seu nome de batismo era José Velloso Xavier). Fez seus estudos em Minas, em Mariana. Desenvolveu extraordinária habilidade em Botânica e, no convento do Rio de Janeiro, dedicou-se a pesquisas de campo, classificando mais de 2000 plantas no Vale do Paraíba do Sul, publicando ao final dos trabalhos, em 1790, a monumental obra Flora Fluminense, em onze volumes, talvez o mais vultoso trabalho científico até hoje publicado por um brasileiro. Levado pelo Vice-Rei a Lisboa, ali se tornou cientista de renome, publicando diversos outros livros; foi sócio da Academia Real de Ciências, com pensão do Estado no valor de 2:400$000 réis. De volta ao Rio de Janeiro, onde faleceria em 1811, organizou o Jardim Botânico.

Tudo faz crer que Frei Velloso, nesse período de intenso trabalho no Rio de Janeiro, nos anos de 1780 a 1790, quando organizou a sua Flora Fluminense, tenha tido contato mais ou menos longo com o primo Tiradentes, pois nesses anos o Alferes revelou extraordinário conhecimento de plantas medicinais, curando várias pessoas e espalhando fama nesse sentido no Rio de Janeiro. A profissão de dentista prático conseguira, sem dúvida, com o padrinho, Sebastião Ferreira Leitão. As poucas referências sobre essa fase da vida do Alferes demonstram que com cerca de 19 ou 20 anos de idade já estava comerciando por conta própria, em viagens com tropas de muares. Teria ficado sob a guarda e instrução do padrinho dentista dos 11 aos 18 anos, tempo suficiente para aprender os segredos da arte odontológica e aprimorar seu estudo com leituras científicas. Sua letra e seu estilo de redação eram superiores ao da maior parte dos homens de seu tempo.

Sobre o talento de Joaquim José da Silva Xavier como dentista não pode pairar dúvida. São várias e insuspeitas as referências a essa arte no processo dos inconfidentes. O Alferes Xavier não fazia apenas extrações; há provas de que punha e tirava dentes , com extraordinária perfeição. Tinha também, como ele mesmo disse, "alguma inteligência de curativo", ou seja, praticava a medicina básica. Esse conhecimento viera, certamente, de suas longas viagens pelos sertões mineiros, de seus próprios conhecimentos relacionados com a odontologia e de sua amizade com seu primo naturalista, Frei Velloso. 

No Rio de Janeiro, pelo menos, há notícias de que granjeara fama como curandeiro. O próprio Vice-Rei, pouco antes de mandar prendê-lo, usa de um subterfúgio para que permanecesse no Rio e não voltasse a Minas: ao ser procurado por Tiradentes para que explicasse a razão de estar sendo seguido por soldados disfarçados e para que explicitasse as suspeitas que por ventura tivesse, o Vice-Rei desconversa, elogia Tiradentes e diz que não se preocupasse e ficasse, que o povo o queria ali (era conhecido de muita gente, inclusive músicos). 

Tiradentes curara uma moça, solteira, de 31 anos de idade, de uma ferida no pé, que havia se transformado em chaga e ameaçava ulcerar com o prolongamento da doença por vários anos. A moça, filha de Inácia Gertrudes de Almeida, havia-se tratado antes com vários professores de Medicina, os quais chegaram a desenganá-la, afirmando ser a doença incurável por já ter-se tornado cancerosa. Uma pessoa do povo (uma mulata) indicou a ela o Alferes mineiro, que, depois de tratá-la, visitando-a várias vezes, curou-a, usando medicamento líquido. A mãe da jovem, agradecida ao Alferes, consentiu em conceder-lhe esconderijo naqueles dias em que se viu perseguido. Não poderia abrigá-lo em sua própria casa, visto ser viúva, o que lhe poderia acarretar a maledicência do povo, sendo o Alferes um homem solteiro; entretanto, pediu ao seu sobrinho e hóspede, Padre Inácio Nogueira Lima, que o encaminhasse à casa de Domingos Fernandes da Cruz, na Rua dos Latoeiros. Ali seria preso.

Outra faceta da vida de Joaquim Xavier é sua carreira militar. Tiradentes optou pela carreira das Armas aos 29 anos de idade. Vivendo do comércio ambulante a partir dos 18 ou 19 anos, fazendo freqüentes viagens entre São João del-Rei, Vila Rica e o Rio de Janeiro, chegou a comerciar no norte de Minas e provavelmente até na Bahia. Nesse período não acumulou renda considerável, dedicando-se também à prática de dentista itinerante. Alistou-se em 1º de dezembro de 1775, diretamente no posto de Alferes, posição hierárquica intermediária entre o Tenente e o Cabo, hoje não mais existente e que equivaleria ao atual 2º Tenente.

O Regimento de Cavalaria de Minas Gerais estava sendo criado no ano de 1775, por ampliação dos quadros das forças existentes. O interesse do Vice-Rei ao ordenar essa ampliação dos efetivos era prevenir-se de possíveis ameaças espanholas no Rio de Janeiro e no sul do Brasil. O Governador de Minas, Dom Antônio de Noronha, que havia sido Coronel de Cavalaria no Regimento de Campo Maior no Alentejo, instala o Regimento em 9 de junho de 1775, convocando elementos civis para a formação dos quadros, já que não havia escolas ou academias militares. A seleção dos efetivos era feita entre a raça branca, dando-se preferência à nobreza civil e à titulada, e apoiando-se em informações pessoais.

Vários documentos permitem ver passagens da vida militar do Alferes Silva Xavier. No primeiro semestre de 1777, menos de dois anos após seu alistamento, morava no Rio de Janeiro (em companhia do Alferes Simão da Silva Pereira), em casa alugada de Luís José da Gama, à custa da Fazenda Real, portanto em missão oficial. Em 1778 e 1779 ainda continuava no Rio, servindo nas forças de defesa contra ameaças externas. Em sua companhia estavam o Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada e o Capitão Francisco Antônio de Oliveira Lopes; ficaram em Copacabana. Essas forças mineiras voltaram do Rio de Janeiro em setembro de 1779.

Já em 1780, no primeiro semestre, está em Sete Lagoas-MG, como comandante do destacamento local, encarregado da guarda do Registro ali instalado, porta de entrada do Vale Médio do Rio São Francisco. Em 9 de abril de 1781, o Alferes é nomeado comandante do destacamento do Caminho Novo, com a finalidade de construir uma variante no caminho de Vila Rica ao Rio de Janeiro, cortando a mata até o Registro do Paraibuna. Viaja então em direção a Vila Rica, e há registro de sua passagem pelo caminho de Paracatu em junho daquele ano e em Raposos, no lugar denominado Sítio do Pé Pequeno, em 15 de julho.

No dia 19 desse mesmo mês, o Governador Dom Rodrigo José de Meneses baixa as instruções pelas quais se devia reger o Alferes na construção; o encarregado oficial da obra era o Tenente-Coronel de Auxiliares Manoel do Vale Amado, morador na região a ser cortada pela nova estrada, mas quem se desincumbiu realmente da missão foi o comandante militar. Sua indicação para a importante missão deve-se atribuir a que se sabia de sua larga experiência em viagens pela região, que há mais de dez anos percorria como comerciante e dentista. 

O Caminho Novo, que se chamou depois Caminho de Meneses em homenagem àquele Governador, visava a cortar o sertão bruto na direção do Rio de Janeiro, encurtando o caminho existente que passava por São João del-Rei, fazendo um acentuado arco.

Tiradentes se apresentou na casa do Tenente-Coronel Manoel do Vale Amado em 26 de julho de 1781. Iniciam as picadas com a pequena tropa comandada pelo Alferes e mais oito escravos pertencentes ao Tenente-Coronel. Mas, apenas iniciados os trabalhos, o fazendeiro se queixa de que seus escravos faziam falta aos seus serviços particulares e retira-se da empreitada, deixando ao Alferes o desencargo da missão. Contando com pouca mão-de-obra, trabalhando lenta, mas intensamente, o Alferes consegue fazer chegar a picada até o lugar em que se instalaria um quartel, chamado de Porto do Meneses, e dali a ligação chega rápida ao Registro do Paraibuna. Em sua correspondência com o Governador, Tiradentes levanta a possibilidade de se calçar de pedra toda a nova estrada; localiza as pedreiras, indicando-as a Dom Rodrigo de Meneses.

A estrada foi sendo construída de 1781 a 1783. Tiradentes permaneceu destacado no Porto do Meneses, como comandante da tropa militar de guarda do Caminho Novo. Ali ficaria cerca de 5 anos. Em abril de 1783, escreve, de Barbacena, uma carta ao Governador, relatando missões que efetuara para perseguir e prender bandidos salteadores que infestavam a Serra da Mantiqueira. Nessa carta demonstra um relacionamento estreito com o maior fazendeiro de Minas em extensão de terras (e futuro inconfidente), José Aires Gomes, em cuja companhia percorre as serras na perseguição.

Em 1784 aparece o Alferes em outra missão de relevo. O Coronel de Auxiliares Manoel Rodrigues da Costa escreve ao Governador, que a essa altura era Luís da Cunha Meneses, há apenas poucos meses no cargo, sugerindo providências no sentido de serem mais bem guardadas as fronteiras a leste da Capitania, nos limites com o Rio de Janeiro. Essas áreas eram consideradas "fechadas", isto é, vedadas à mineração e ao cultivo, por razões de segurança tributária. O próprio fazendeiro indicou ao Governador o Alferes Silva Xavier como a pessoa mais qualificada, no seu entender, para desincumbir-se da missão. O Governador, então, acatando a sugestão, baixa uma Portaria (16 de abril de 1784), nomeando uma comissão militar para estudar o problema in loco. Como chefe iria o próprio subcomandante do Regimento de Cavalaria de Minas, Sargento-mor Pedro Afonso Galvão de São Martinho. Integrando a comissão deveria ir o Alferes Xavier, devido à sua notória "inteligência mineralógica", nas palavras do próprio Governador.

É notório que Tiradentes sempre fora incumbido de penosas, difíceis e arriscadas missões militares. E durante todos os 14 anos em que servira como Alferes não recebeu uma só promoção, apesar de sempre ter-se portado com extremo zelo e dedicação ao serviço militar. 

Sua pessoa era da confiança não só de seus chefes, mas de muitos soldados que a ele davam procuração para receber seus soldos. Vários de seus colegas de farda foram diversas vezes promovidos. No seu depoimento na prisão, em 18 de janeiro de 1790, enumerou caso por caso, nome por nome, todos esses colegas passados à sua frente, num dasabafo incontido de revolta contra aquele iníquo sistema social.

Nos anos seguintes - 1786 a 1789 - começa uma série de viagens ao Rio de Janeiro. Sabemos que nessa fase já estava decisivamente no período conspiratório. Saiu de Vila Rica em 2 de março de 1787 e regressa em 28 de agosto do ano seguinte; permaneceu, pois, quase um ano e meio no Rio. Ali se dedicaria, além da prática revolucionária, a notáveis projetos de melhoramentos urbanos.

Tiradentes conhecia bem a maravilhosa cidade do Rio de Janeiro. Conhecia seus morros, que era obrigado a palmilhar, descendo de Minas; conhecia seus arredores, que percorria como dentista prático. Conhecia o povo que também o conhecia e sabia de suas habilidades profissionais. Vivendo viajando, conhecia as paragens onde havia água, mantimentos. 

Nessas suas longas estadas na magnífica Baía da Guanabara, sua inteligência logo deve ter percebido a imensa possibilidade que apresentava como porto natural de um grande país; sua necessária e infalível expansão populacional, espremida entre montanhas. Seus conhecimentos de topografia levaram-no naqueles anos de 1787 e 1788 a intuir fabulosos projetos de melhoramentos urbanos. 

Os documentos existentes permitem afirmar que Tiradentes projetou as seguintes obras para o Rio: 
a) abastecimento regular da cidade, pela canalização das águas do Rio Andarai; 
b) construção de moinhos aproveitando a canalização do rio e mais os desníveis dos córregos Catete, Comprido, Laranjeiras e Maracanã; 
c) construção de um trapiche, isto é, o cais do porto, rudimentar, de madeira, avançando da praia o máximo possível dentro do mar; 
d) construção de armazéns para guarda de gado e outras mercadorias que, desembarcadas, ficavam expostas ao sol, à chuva e aos furtos; 
e) serviço de barcas de transporte de passageiros do Rio a Niterói (Praia Grande).

O tempo se encarregaria de aprovar os seus projetos. Dom João VI realizou a canalização nos moldes do plano, cerca de 30 anos depois. 

Em 1889, o engenheiro André Paulo de Frontin (29 anos de idade) trouxe para o Rio, em 6 dias, 15 milhões de litros de água, ao custo de 80 contos de réis, com o emprego de 700 homens; canalizou as águas da Serra do Tinguá, com o mesmo plano básico de Tiradentes, feito 100 anos antes.

A inteligência técnica polimorfa do Alferes Silva Xavier se revelaria ainda por outros detalhes: era também joalheiro, isto é, sabia lavrar, polir e fazer jóias. Tinha noções econômicas - sabia que, sendo o Brasil independente, poderia facilmente substituir as importações por produtos aqui mesmo fabricados, sendo especialmente fácil a montagem de siderúrgicas, indústrias têxteis e o desenvolvimento do extrativismo mineral. 

Sua cultura mineralógica não se limitava ao ouro e às pedras preciosas. Percebeu também a existência em Minas de fontes de salitre, indispensável ao fabrico da pólvora. 

Chegando José Álvares Maciel em Vila Rica, recém-formado em Engenharia de Minas, Tiradentes conversa sobre a possibilidade de fabricar pólvora. Maciel pergunta pelo salitre e, logo após, o Alferes leva-lhe um tijolo coberto de bolor. No depoimento no processo, Maciel diz que o desenganara, que aquilo não era salitre; mas sabe-se hoje perfeitamente que o mineral pode se apresentar sob essa forma bolorenta. É óbvio que Tiradentes estava mostrando ao químico o bolor e não o tijolo; mas até disso já se aproveitou alguém para deturpar a inteligência do Alferes, dizendo que sua ignorância confundia tijolo com salitre... 

O fato é que Álvares Maciel admitiu no processo, concretamente, que podia fabricar pólvora em Minas; e antes do processo, perante os outros conjurados, se comprometeu a fazê-lo. Em 1816 foi inaugurada uma fábrica de pólvora em Vila Rica.

Uma das ramificações intelectuais da atividade de Tiradentes era o interesse pela Revolução Norte-Americana e pelo Iluminismo. Seu envolvimento com as teorias iluministas parece ter sido visceral, tendo-o levado às posições radicalizadas do processo conspiratório. Várias vezes aparecem referências de Tiradentes à necessidade de "restaurar" a pátria. Assim se dirige ele ao Padre Manoel Rodrigues da Costa, em conversa na hospedaria de João da Costa Rodrigues, em Varginha do Lourenço: quando o Padre lhe contra-argumenta que falar em levante era crime - "Isto não é levantar, é restaurar a nossa terra". 

E também ao bacharel Lucas Antônio Monteiro de Barros: "Não diga levantar, é restaurar", repetindo várias vezes a explicação. De fato, para os iluministas, a revolução não era crime, porque se propunha a restaurar as liberdades primitivas que se haviam tirado ao homem pela deturpação progressiva de seu estado natural. Ás várias referências do Alferes à restauração social são uma prova inconteste de seu afinamento com as teorias revolucionárias do século XVIII, desenvolvidas na França e nos Estados Unidos por Rousseau, Voltaire, Jefferson, Franklin e outros, a partir do esquema teórico anterior de John Locke.

Tiradentes andava por todos os lados com livros sobre a independência norte-americana (as Constituições estaduais, talvez, ou apenas a Coleção das Leis Constitutivas dos Estados Unidos, livro que lhe foi apreendido) e procurava nas livrarias tudo que se relacionasse ao assunto, de modo aberto; a ninguém se furtava essa preocupação. Estava entusiasmado pelo assunto, era loquaz, procurava convencer as pessoas de suas ideias, andava apressado, agitado. 

Procurando traduzir os textos franceses, andava com dicionários. Esse modo de ser e de agir, reflexo de uma personalidade exaltada, foi a razão das alcunhas que lhe foram apostas. Além da própria palavra "tira-dentes", chamavam-no de "o corta-vento", "gramaticão", "o República", "o Liberdade".

Volvamos nossos olhos para outro aspecto da vida de Tiradentes. Qual era sua aparência pessoal? Os quadros referentes a Tiradentes são todos imaginários. Foram feitos no fim do Império ou início da República, ou seja, mais de um século depois de sua existência.

Em 1789 Tiradentes tinha 42 anos. Era branco, pois seus pais assim o eram; dois irmãos seus foram padres, e ele próprio era oficial, e para essas funções era indispensável ser branco. Andava fardado, obviamente; sua farda era azul forrada de vermelho, e adornada com fios prateados. Muito provavelmente não usava barba, apenas bigode. Há documentos de vários oficiais no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, nos quais descrevem-se os traços fisionômicos, incluindo a barba. Ou seja, ao contrário do que se pensa, os oficiais não eram obrigados a se tosquiar. 

Entre os pertences que lhe foram seqüestrados em sua casa encontravam-se duas navalhas de barbear "novas"; depois de enforcado, seqüestram-se-lhe no cárcere mais duas navalhas de barbear e um espelho. Os soldados do tempo, à moda dos franceses, usavam bigodes cujas pontas desciam ao redor dos cantos da boca, além de que o costume geral masculino era o rosto raspado, como o atestam os retratos dos reis e vice-reis. 

Tiradentes, ao ser perseguido no Rio naqueles dias de sua prisão, revelara que descobrira estar sendo seguido por dois granadeiros que, como disfarce, haviam raspado o bigode. O normal, pois, era o militar usar bigode. Mais: o uso do bigode era obrigatório.

Aos 42 anos, Tiradentes era grisalho e nessa particularidade está a única prova existente sobre sua aparência física.

O Alferes Joaquim José da Silva Xavier morreu solteiro. Mas deixou descendência: uma filha, de nome Joaquina, de sua união com Antônia Maria do Espírito Santo - órfã do pai, Antônio da Silva Pais - e que vivia em Vila Rica em companhia dá mãe, Maria Josefa da Silva. A mãe da filha de Tiradentes tinha cerca de 16 a 17 anos de idade quando foi por ele engravidada. O namoro deve ter durado no período de maio de 1786 a fevereiro de 1787. O Alferes assumiu a paternidade, prometendo casar com Antônia; revelou esse intento ao colega de Regimento, soldado Ventura Mendes Barreto. Batizou a filha em 31 de agosto de 1786 na Igreja Matriz de Vila Rica, convidando para padrinho um dos comerciantes mais ricos da Capitania, Domingos de Abreu Vieira, seu companheiro no movimento conspiratório.

Tiradentes obtivera um terreno, em dezembro de 1785, na Rua da Ponte Seca, para construir uma casa; ali, em 1804, no censo da população, foi notada a residência de Maria Josefa, a sogra putativa.

O Alferes era um homem de 40 anos quando engravidou Antônia Maria do Espírito Santo, menina-moça órfã. Viajava muito; naqueles anos passou a maior parte do tempo no Rio de Janeiro. Em um de seus regressos, descobriu que Antônia não "procedera bem" e por isso rompe a promessa de casamento e devolve a menina e a filha à sogra.

Deixou-lhes alguns bens -poucos - e uma escrava, além, provavelmente, da casa, na qual, 17 anos mais tarde, seria recenseada sua sogra, na Rua da Ponte Seca. O Alferes passou a morar em casa alugada, na Rua de São José, pertencente ao Padre Joaquim Pereira de Magalhães.

Tiradentes era católico. Fora batizado, como já vimos, criado entre católicos e tinha dois irmãos padres. Historiadores lhe atribuem uma devoção especial à Santíssima Trindade, o que se pode confirmar pelos Autos da Devassa; era religioso, e não sê-lo era fenômeno raríssimo entre os homens do tempo. Batizou sua filha Joaquina. Várias vezes, enquanto tentava convencer seus ouvintes de suas teorias revolucionárias e seus planos de levante - e estes lhe redargüíam com a dificuldade da empresa, sempre lhes dizia: "não há de ser nada, Deus está conosco". Durante o período em que esteve preso teve confessor - o qual acabou admirando-o - e no percurso para o cadafalso apertou um crucifixo contra o peito.

Resta-me analisar um outro ângulo da vida do Alferes: sua posição econômica. Joaquim Norberto chamou-o de "pobre e louco". Outros chegaram à conclusão de que era, dentre os conspiradores, dos menos dotados intelectual e economicamente. Seria isso verdade?

Quanto a ter sido louco e intelectualmente frágil, creio que nas páginas anteriores já ofereci subsídios suficientes para que os leitores tirem suas próprias conclusões. Vejamos então que bens possuía.

Suas rendas eram soldo como oficial (24$000 réis) e rendimentos variáveis como dentista. Ao ser preso, aos 42 anos, possuía: 
a) uma pequena fazenda no lugar denominado Rocinha da Negra, na freguesia de Simão Pereira, caminho do Rio, perto do Porto do Meneses, Registro do Paraibuna; tinha 8 sesmarias de medida (aproximadamente 50 quilômetros quadrados); ali havia casas, senzala e monjolo; foi-lhe seqüestrada (avaliada por 700$000 reis - equivalente a 30 meses de seu soldo), más João Alves Ferreira, ferreiro, conseguiu provar que Tiradentes já lhe tinha vendido; 
b) algumas terras em local indefinido, que foram arrematadas em 1794 por João Rodrigues de Macedo; avaliadas em 50$075 réis; 
c) gado, arrematado na praça de Pitangui, por Antônio Alves de Azevedo; não é possível saber a quantidade e o valor, mas vinte anos depois, em 1811, o arrematante pagou 50$005 réis de imposto sobre esse gado; 
d) um crédito de 220$000 réis contra Luís Pereira de Queirós (equivalente a 9 meses de seu soldo); 
e) um crédito de 200$000 réis (8 meses de soldo) contra José Pereira de Almeida Beltrão; 
f) três escravos homens (Francisco Caetano, Bangelas e João Camundongo - que foram entregues ao carcereiro de Vila Rica) e uma escrava (Maria Angola) que tinha uma "cria" de dois anos de idade (Jerônimo); a escrava e seu filho foram, depois, levados pela mãe da filha de Tiradentes, Antônia Maria do Espírito Santo, que provou que o Alferes já lhos havia dado; 
g) alguns instrumentos de farmácia, 4 livros, 3 fardas de escravos, 1 farda de oficial, 4 navalhas de barbear, 1 canivete de aparar penas de escrever, 1 espelho, esporas, uma bolsa com "ferrinhos de tirar dentes" (arrematada por Francisco Xavier da Silveira); 
h) um relógio de bolso, inglês, com duas caixas de prata, mostrador de esmalte, marca S. Ellios, com o n.º 5.503 (está hoje no Museu da Inconfidência em Ouro Preto), arrematado por José Mariano de Azeredo Coutinho.

A avaliação judicial dos bens de Tiradentes ficou em 797$979 réis; quase o dobro da realizada nos bens de seu comandante, Ten. - Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada (480$300 réis) e várias vezes maior do que a de Tomás Antônio Gonzaga, Ouvidor Geral e Desembargador.

Concluo que Tiradentes não era rico. Era um oficial médio, que tinha créditos e débitos, pagava aluguel, tinha rendas esparsas como dentista, alguns pedaços de terras e poucos bens pessoais. Era um homem como a maioria de seus contemporâneos. Talvez um pouco acima da média. 

Do mesmo modo que se lhe não podem comparar as estaturas intelectuais de Tomás Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa e Luís Vieira da Silva, assim não se deve fazer com à fortuna de Domingos de Abreu Vieira, Cláudio Manoel da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, da família da mulher de seu comandante, Ten.-Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada, muito menos com a de João Rodrigues de Macedo ou José Aires Gomes, talvez os dois homens mais ricos de Minas Gerais; um, banqueiro, o outro, o maior fazendeiro de Minas em extensão de terras.

Tiradentes teve papel destacado na conspiração e sua participação era decisiva. Entregara-se de corpo e alma ao movimento, literalmente; a independência do país tornou-se o motivo de sua vida. Radicalizou suas posições ao ponto de não importar-se com a entrega da própria vida. 

Naquela revolução, preparada silenciosamente por homens notáveis (intelectuais, padres, banqueiros, comerciantes), encontrou a saída para suas aspirações de revolucionário visceral. Seu modo de agir - que mais tarde seria motivo de crítica para historiadores - contrastava com o dos outros conspiradores. Falava abertamente sobre a necessidade da revolução; pregava-a em qualquer lugar em que estivesse. Sabia-a do desejo dos mineiros e por isso não receava abrir-se com quem quer que seja, nem escolhia o lugar ou o momento. Assim procedeu nas tavernas, nos bordéis, nas casas de comércio, nos caminhos, no ouvido de uma pessoa ou perante um auditório. 

Um fato já percebido pelo historiador Tarquínio J. B. Oliveira merece ser relevado: jamais foi denunciado por qualquer daqueles a quem aliciará. A denúncia que deu origem à repressão - que começou no Rio de Janeiro, diga-se de passagem - fora feita por um Coronel de Auxiliares, aliciado pelo irmão do Vigário Carlos Correia de Toledo. Realmente, mais tarde, Tiradentes se abrira com Joaquim Silvério dos Reis, mas não foi este o motivo que o levou à denúncia.

O certo é que o Alferes Silva Xavier tinha caráter excepcionalmente elevado. Tendo a revolução fracassado, apenas dos depoimentos feitos na prisão podemos tirar subsídios para interpretar o caráter e a posição de cada revolucionário. Aí é que se encontra revelado o caráter do Alferes. Suas respostas no primeiro depoimento (22 de maio de 1789) são firmes, sem medo, sem comprometer ninguém, sem dar detalhes, sem confirmar nada sobre a participação na conjuração. Nega tudo. "Fria negação", segundo o escrivão. Não revela um só fato sobre a conspiração. Cinco dias depois é interrogado pela segunda vez. Continua negando tudo. Leva o depoimento para detalhes sem importância. Diz que fora Joaquim Silvério dos Reis quem lhe falara sobre alguns cabeças da revolução. Diz que não pode negar, mas não se lembra. Resiste bravamente. Não diz nada além do perguntado e rodeia. No terceiro interrogatório, três dias depois (30 de maio de 1789) continua dizendo que não sabia de nada, permanece firme. É acareado com Joaquim Silvério dos Reis e, provavelmente, deve ter sofrido um abalo (até aquele momento não sabia que Silvério havia delatado a conspiração; tinha-o como um amigo). Nesse momento descobriu que a revolução e os revolucionários já eram do conhecimento dos devassantes. Ainda que "titubeando" nas respostas, segundo o escrivão, dele não conseguem arrancar nada, mesmo diante de Silvério dos Reis.

Somente no 40º interrogatório (mais de 6 meses depois), em 18 de janeiro de 1790, resolve confessar. Estava há sete meses preso, incomunicável. Havia decorrido um longo prazo desde o último interrogatório. E passa a confessar: nega a culpa de todos e assume-a sozinho; diz que planejara a revolução por motivos pessoais; refere-se ao Brasil como um país que poderia ser livre e não simplesmente a Minas Gerais; desabafa contra os representantes do sistema; livra Tomás Antônio Gonzaga e insiste na inocência dele; livra João Dias dá Mota; livra Cláudio Manoel da Costa; livra Antônio de Oliveira Lopes.

O radical revolucionário iluminista do século XVIII entregara a vida. No fundo, ele já sabiá que teria que ser assim; tempos antes ele já se queixara publicamente de que não encontrava homens dispostos a fazer a revolução. Mas que a faria de qualquer maneira, porque embora não se arranjassem homens, "havia de armar uma meada tal, que em dez, vinte ou cem anos se não havia de desembaraçar".

Por coincidência, acertou a previsão: vinte anos depois se faria a independência e cem anos depois a República. A estatura moral de Tiradentes, revelada por seus depoimentos, é que lhe conferiu a grandeza de líder da fracassada revolução mineira de 1789.

Depois da sentença, ainda revelaria mais provas de seu caráter: consola os companheiros e, por fim, enfrenta a morte com "rubor nas faces", isto é, não ficou trêmulo, não ficou pálido, subiu sem ajuda os degraus do cadafalso. 

Depois de morto, seqüestram-se-lhe na cela navalhas de barbear e um canivete, que poderia ter usado para abreviar o sacrifício. O suicídio, até bem pouco tempo, por influência da religião, era considerado infamante. Nem por aí o Alferes se deixou infamar.

No dia 20 de abril de 1792, quando foi lida a decisão final que comutava a pena de morte em degredo para a África para todos os condenados, menos pára ele, recebeu com serenidade a sua sentença; "sem sair de seu lugar", deu parabéns aos outros, com "ar sincero e moderado"; pediu-lhes muitas vezes perdão pelo que lhes fizera; ao seu padre confessor disse: "que agora morreria cheio de prazer, pois não levava após si tantos infelizes a quem contaminara. Que isto mesmo intentara ele, nas multiplicadas vezes que fora à presença dos ministros, pois sempre lhes pedira que fizessem dele só, a vítima da lei".

Na manhã de 21 de abril de 1792 (um sábado), o carrasco Capitania entrou na cadeia pública do Rio de Janeiro e procurou Tiradentes para vestir-lhe a alva e o capuz; pediu-lhe, como de costume, perdão pelo que iria fazer; Tiradentes respondeu-lhe: "Oh, meu amigo, deixe-me beijar-lhe as mãos e os pés", o que fez. O carrasco chorou. Despiu-o completamente e Tiradentes comentou: "Nosso Senhor morreu também nu, por meus pecado?". 

Começou a caminhada, portanto, descalço, com o camisolão branco e um capuz, tendo as mãos amarradas e segurando um crucifixo. Pediu ao Padre confessor que lhe falasse do mistério da Santíssima Trindade. Entre 8 e 9 horas da manhã partiu andando a pé, ladeado por nove padres, pela tropa do Vice-Rei e diante dos olhares dá população do Rio de Janeiro. 

Foi até o lugar da forca sem afastar os olhos do crucifixo, com as "faces abrasadas", olhando de quando em vez para o céu. Seu confessor falava-lhe sobre a Santíssima Trindade e a ladainha de Santo Atanásio; caminhava com pressa e intrepidez.

A execução foi no Largo da Lampadosa, defronte à Igreja da Lampadosa; o largo hoje é o do Teatro São Caetano. A tropa formou um triângulo em volta dá forca, de costas para o patíbulo. A escada para a forca tinha mais de 20 degraus e Tiradentes subiu-os devagar, sem tirar os olhos do crucifixo.

Enquanto o carrasco fazia os preparativos, pediu-lhe três vezes que abreviasse tudo aquilo. O Guardião do Convento de Santo Antônio, Frei José de Jesus Maria do Desterro, não se conteve, subiu no tablado e fez ao povo uma pregação, admoestando a sua curiosidade e incitando-o a implorar a Deus a piedade divina; em seguida começou a recitar o Credo, sendo acompanhado por Tiradentes. Depois disso, o carrasco enforcou o Alferes.

O Comandante das tropas, Brigadeiro Pedro Álvares de Andrade, leu um discurso preparado. O corpo de Tiradentes foi retirado e colocado numa carreta do Exército e conduzido para a Casa do Trem (arsenal). Ali foi esquartejado: separadas a cabeça, os braços e as pernas; salgadas estas e acondicionadas em sacos de couro, foram preparadas pára o transporte para os locais onde deveriam ser colocadas em exibição e execração pública até que o tempo às consumisse, de acordo com a sentença. 

O tronco do corpo foi, provavelmente, entregue à Santa Casa de Misericórdia para enterramento no mesmo lugar destinado à consumação normal das vísceras e restos de doentes indigentes. 

Pela sentença, os quartos de Tiradentes deveriam ir para Vila Rica (a cabeça), para Cebolas (freguesia de Paraíba do Sul), Varginha (local da estalagem onde Tiradentes se hospedara em 1788, localizado entre Lafaiete e Ouro Branco), e demais sítios de maiores proporções onde ele aliciara partidários. 

A tradição oral aponta esses lugares como Barbacena (na época Borda do Campo) e Bananeiras ou Bandeirinhas (localidade próxima a Lafaiete).
Somente em 9 de dezembro de 1965, pela Lei n.º 4.897, Tiradentes foi declarado oficialmente o Patrono da Nação Brasileira.

Abstract: Profile of Tiradentes. The author provides a profile of Tiradentes from the physical viewpoint, limited by the scarcity of information available, and from the moral viewpoint, giving emphasis to the significant role played by him during the Inconfidência Mineira, a rebellion against tax collection in the State of Minas Gerais. He mentions his many activities, his various technical skills and his work as a military man.

O artigo foi extraído e adaptado do livro do mesmo autor: A Inconfidência Mineira; uma síntese factual, Rio de Janeiro, Bibliex, 1989, 415 págs.

Polícia Militar de Minas Gerais - Edição Especial - O Alferes.  Abril 1992, págs. 09-21.





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